quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

OS LUSÍADAS - FICHA FORMATIVA

I
CONTEXTUALIZAÇÃO

RENASCIMENTO, HUMANISMO E CLASSICISMO
1. O Renascimento é a aceitação das formas artísticas:
A. hispano-portuguesas
B. greco-latinas
C. franco-italianas

2. Em Portugal, o Renascimento abrange os séculos:
A. XV - XVI
B. XVII - XVIII
C. XIII – XIV

3. O grande contributo português para o Renascimento foi/foram:
A. a aceitação dos judeus vindos de Espanha
B. os descobrimentos
C. a expulsão dos muçulmanos

4. Ao movimento que valoriza tudo o que é humano e exalta os valores do homem como centro do Universo dá-se o nome de:
A. experimentalismo
B. Humanismo
C. Teocentrismo

5. Com esta corrente de pensamento, o Homem passou a considerar-se como o centro de todas as coisas. A este fenómeno dá-se o nome de:
A. teocentrismo
B. geocentrismo
C. antropocentrismo

6. O Classicismo consiste num sentimento de admiração pela Antiguidade Clássica e no desejo de imitação da cultura greco-romana e de retoma:
A. dos seus valores
B. dos seus vícios
C. da sua tecnologia

EPOPEIA
7. Uma epopeia pertence ao:
A. modo lírico
B. modo narrativo
C. modo dramático

8. Tem como grande objectivo:
A. narrar uma pequena história
B. narrar lendas e mitos
C. narrar feitos gloriosos para os celebrar

9. A Eneida é uma epopeia:
A. latina da Antiguidade Clássica
B. latina do Renascimento
C. latina da Idade Média

10. A acção da epopeia inicia-se:
A. no seu fim
B. no seu princípio
C. "in media res

FONTES
11. Para escrever Os Lusíadas, Camões recorreu a fontes:
A. literárias, históricas e científicas
B. históricas e agrícolas
C. comerciais e literárias

AUTOR
12. O grande vulto do Renascimento foi Luís de Camões, que se pensa ter vivido entre os anos:
A. 1521/22 - 1585
B. 1424/25 - 1472
C. 1524/25 - 1580

13. Luís de Camões escreveu Os Lusíadas, que tiveram a sua primeira edição:
A. em 1570
B. em 1571
C. em 1572

14. Durante a sua vida agitada, Luís de Camões foi:
A. frequentador das cortes europeias
B. adepto de uma vida monástica
C. soldado em expedições militares

15. Pensa-se que Luís de Camões, devido à sua vastíssima cultura, estudou:
A. no Mosteiro de Santa Cruz, em Coimbra
B. na Universidade de Lisboa
C. na Universidade de Évora

16. Devido a alguns desacatos, em Lisboa, o poeta foi obrigado a partir para:
A. a Índia
B. África
C. o Brasil

ESTRUTURA EXTERNA
17. Camões dividiu Os Lusíadas em:
A. dez cenas
B. dez cantos
C. dez estrofes

18. Todas as estâncias da obra são:
A. dísticos
B. quadras
C. oitavas

19. O esquema rimático das estâncias é:
A. a b a b a b c c
B. a b b a a b c c
C. a a b b a a c c

20. Os tipos de rima presentes na obra são:
A. interpolada e cruzada
B. cruzada, interpolada e emparelhada
C. cruzada e emparelhada

21. Cada verso é composto por:
A. sete sílabas métricas (redondilha maior)
B. dez sílabas métricas (décima)
C. dez sílabas métricas (decassílabo)

22. A maioria dos versos são decassílabos heróicos porque possuem acentuação rítmica:
A. na quarta, sexta e décima sílabas
B. na quarta e décima sílabas
C. na sexta e décima sílabas

ESTRUTURA INTERNA
23. A ordem das partes que constituem a epopeia é a seguinte:
A. Dedicatória - Narração - Proposição - Invocação
B. Narração - Invocação - Proposição - Dedicatória
C. Proposição - Invocação - Dedicatória - Narração

24. Na Proposição, o poeta:
A. apresenta o assunto do poema, que irá constituir o objecto da sua narração.
B. dedica o poema ao rei D. Sebastião, a quem tece vários elogios.
C. pede inspiração às Tágides.

25. Ao longo da narração do poema, articulam-se quatro planos:
A. viagem - mitologia – História de Portugal - deuses
B. viagem - mitologia – História de Portugal – considerações do poeta
C. viagem – mitologia – Antiguidade Clássica – considerações do poeta

26. Quando o leitor toma contacto com a acção, esta encontra-se:
A. numa fase adiantada
B. no início
C. no fim

27. Os planos da viagem e da mitologia são:
A. encaixados
B. paralelos
C. as duas primeiras partes da estrutura interna

28. As unidades narrativas, mais ou menos extensas, nas quais se faz uma narração completa (introdução, desenvolvimento, conclusão) de acontecimentos reais ou imaginários, designam-se:
A. episódios
B. estâncias
C. cantos

II
A PROPOSIÇÃO
Lê atentamente as três primeiras estrofes da obra (página 127 do manual).

1. Na Proposição, o poeta indica as personagens da nossa História que se propõe cantar.
1.1. De que características se revestem?
1.2. Trata-se de personagens individuais ou colectivas?

2. Identifica o verso:
2.1. que resume as intenções do poeta;
2.2. que reúne todas estas personagens numa só.

3. Para além dos heróis nacionais, o poeta refere outros.
3.1. Identifica-os.
3.2. Que razão terá levado o poeta a citá-los?

4. «Cantando espalharei por toda a parte (…) / as armas e os barões assinalados (…) / as memórias gloriosas daqueles reis (…) / e aqueles que (…) se vão da lei da morte libertando
4.1. Com base na transcrição, identifica os protagonistas do canto que o poeta pretende espalhar por toda a parte.
4.2. Relendo as duas primeiras estrofes atentamente, especifica os feitos realizados por cada um dos protagonistas colectivos referidos.

5. «da Ocidental praia Lusitana». (est. 1, v. 2)
Explica em que medida a expressão transcrita pode ser considerada simultaneamente uma perífrase e uma sinédoque (cf. páginas 271-272 do manual).

6. Explica o significado dos seguintes versos.
«Mais do que prometia a força humana» (est. 1, v. 6)
«Se vão da lei da Morte libertando» (est. 2, v. 6)
«Cesse tudo o que a Musa antiga canta, / Que outro valor mais alto se alevanta» (est. 3, vv. 7-8)

7. Explica, agora, em que consiste a Proposição e qual a sua função no conjunto da obra.

8. Recorda o que aprendeste a propósito dos planos do poema.
Em que medida é possível identificar, na Proposição, esses diferentes planos? Justifica com elementos do texto.


III
FUNCIONAMENTO DA LÍNGUA
Sugiro a resolução dos exercícios propostos no Caderno de Actividades (páginas 37-48), bem como a revisão dos restantes conteúdos.

SOLUÇÕES
I — CONTEXTUALIZAÇÃO
Opção A: 2, 6, 9, 11, 15, 16, 19, 24, 26, 28
Opção B: 1, 3, 4, 7, 17, 25, 27
Opção C: 5, 8, 10, 12, 13, 14, 18, 20, 21, 22, 23

II — A PROPOSIÇÃO
1.1. Todos eles se destacam pela coragem, ousadia e heroísmo, sendo, por conseguinte, imortais.
1.2. São personagens colectivas.

2.1. «Cantando espalharei por toda a parte».
2.2. «Que eu canto o peito ilustre Lusitano».

3.1. O poeta faz referência a Ulisses, Eneias, Alexandre Magno e Trajano.
3.2. Ulisses e Eneias, heróis da Odisseia e Eneida, respectivamente, tiveram de enfrentar perigos sobre-humanos na terra e no mar, até conseguirem chegar ao seu destino. Alexandre Magno e Trajano conquistaram grandes impérios. Camões, quando pede que se deixe de falar nesses heróis da Antiguidade, uma vez que ele vai cantar os feitos dos portugueses, evidencia que estes superaram as grandes e lendárias façanhas dos heróis do passado.

4.1. Os protagonistas do canto do poeta são os «as armas e os barões assinalados», isto é, os guerreiros e homens ilustres que se distinguiram pelos feitos heróicos; os reis que deixaram para o futuro recordações de glória; e todas as personalidades que de algum modo se distinguiram e, por isso, nunca cairão no esquecimento.
4.2. Os «barões assinalados» desvendaram caminhos marítimos desde Portugal até ao Extremo Oriente e construíram em terras distantes um novo reino; os Reis de «memórias gloriosas» dilataram a Fé cristã e o Império português ao promoverem a expansão por terras de África e Ásia; «aqueles (…) que se vão da lei da Morte libertando» fizeram obras de valor com que imortalizaram os seus nomes.

5. Esta expressão é uma perífrase, uma vez que o poeta diz por muitas palavras o que poderia ser dito apenas por uma — Portugal. Além disso, encontramos também uma sinédoque porque Portugal (o todo) é aqui designado por uma das suas partes.

6.
- Estes heróis suplantaram aquilo que era legítimo esperar de simples humanos, ou seja, ultrapassaram a natural fraqueza do homem.
- O poeta refere-se a todos aqueles que, pelas obras realizadas, ficarão para sempre «imortais», isto é, na memória dos homens.
- De acordo com o poeta, os feitos dos portugueses, no mar, são superiores aos de Ulisses e Eneias, assim como os seus feitos em terra, nas diversas conquistas, são superiores aos feitos guerreiros de Alexandre Magno e de Trajano. Por essa razão, o poeta afirma que os feitos antigos deverão «calar-se», pois há agora um novo herói, capaz de os suplantar: o herói português.

7. O poeta expõe o tema da sua obra e apresenta aqueles que vão ser objecto da exaltação épica.

8.
Cf. exercício 9. do manual (página 129).
OK

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Luís de Camões — Breve resenha biográfica e literária


Luís de Camões nasceu por 1524 ou 25, provavelmente em Lisboa. Seus pais eram Simão Vaz de Camões e Ana de Sá. Admite-se que tenha estudado em Coimbra, pois a vasta cultura evidenciada na sua obra só se justifica se tiver frequentado estudos superiores. No entanto, não se encontrou, até hoje, qualquer documento comprovativo da sua passagem por essa universidade.
Presume-se que era fidalgo da pequena nobreza (“Cavaleiro Fidalgo” da Casa Real, assim diz a carta de perdão de 1553), o que lhe terá dado acesso à corte, enquanto viveu em Lisboa. Sabe-se que, entre 1549 e 1551, participou numa expedição militar ao Norte de África onde, num acidente de guerra, perdeu o olho direito. Em 1552, encontrava-se novamente em Lisboa, e, se por um lado frequenta o paço onde se relaciona com a fidalguia da época e com algumas das principais damas da corte, por outro, vive uma vida boémia, fazendo parte de bandos de brigões e colaborando em rixas violentas.
Em 1552, numa briga, fere um arrieiro do Rei, Gonçalo Borges, pelo que é preso na Cadeia do Tronco onde permanece até Março de 1553. Após ter sido perdoado pelo ferido, é liberto e o poeta pede ao Rei o seu perdão, na sequência do qual se pode justificar a sua partida para a Índia, ao serviço do Rei, nesse mesmo ano de 1553.
Durante três anos, prestou serviço militar na Índia e posteriormente desempenhou cargos administrativos. Apesar da protecção e amizade do vice-rei, D. Francisco Coutinho, esteve preso por dívidas. Parece também ter estado em Macau e, no regresso à Índia, sofreu um naufrágio, no qual perdeu todos os seus bens, salvando-se a nado com o manuscrito de Os Lusíadas, como revela na estância 128, canto X. Em 1568, ajudado pelo capitão Pero Barreto Rolim, parte para Moçambique, onde vários amigos o vão encontrar na miséria e lhe pagam a viagem de regresso a Portugal, onde chega a Lisboa em Abril de 1570.
Prepara, então, a publicação de Os Lusíadas, poema épico dedicado ao Rei D. Sebastião, que lhe concede uma tença anual de 15 000 reais brancos, que nem sempre lhe foi paga com regularidade. Em 1572, Os Lusíadas são publicados. Para além desta obra, Camões é autor de uma vasta obra lírica e de três autos ou comédias — El-Rei Seleuco, Auto de Filodemo e Anfitriões.
Os seus últimos anos de vida em Portugal ficaram, na tradição, como anos de miséria. Morreu no dia 10 de Junho de 1580 — no mesmo ano em que Portugal perdeu a independência — sendo enterrado no convento de Sant’Ana, onde o amigo D. Gonçalo Coutinho lhe mandou reservar uma sepultura, em cuja lápide inscreveu:


“Aqui jaz Luís Vaz de Camões, príncipe dos poetas do seu tempo.

Viveu pobre e miseravelmente assim morreu.”

Desde 1880, os seus restos mortais repousam no Mosteiro dos Jerónimos.